Ao fim destes três anos, e a terminar o meu mandato como Presidente da Direção do Centro São Cirilo, este momento leva-me a olhar um pouco para trás, em retrospetiva, para procurar identificar acontecimentos de maior relevo ao longo destes três anos. Sabemos como, no nosso Centro (como um pouco por todo o lado), os tempos mais recentes foram marcados pelas várias alterações e constrangimentos provocados pela Covid-19. Para além das consequências económicas e sociais que, inevitavelmente, virão ainda a surgir, esta pandemia exigiu desde logo, por parte de todos no Centro, um esforço extra de adaptação e criatividade.

Porém, para além das especificidades do momento atual, outros aspetos haverá a destacar. E, para mim, o mais importante será, sem dúvida, o serviço que, sob uma múltipla variedade de formas, este Centro foi todos os dias prestando a um grande número de pessoas, com rostos concretos. É esse o fim último e a razão de ser deste Centro. A nova infografia, através de uma apresentação gráfica dos dados estatísticos, pode em poucos instantes dar-nos uma ideia dos serviços prestados em cada mês.

Mas, evidentemente, nenhum serviço poderia existir se não houvesse no Centro uma equipa em contínuo funcionamento para o prestar. Por isso, ao longo destes três anos, foram sucessivamente recrutadas uma nova diretora técnica, uma nova jurista, uma nova cozinheira, e acrescentado também aos quadros do Centro um novo auxiliar de ação direta. Além de algumas mudanças nos corpos sociais, é também de destacar a presença sempre viva e generosa da comunidade de voluntários. Sem ela, uma boa parte do serviço no Centro dificilmente poderia ser levado a cabo.

Pequenos melhoramentos foram entretanto sendo feitos nas instalações do Centro. Entre elas, a colocação de uma caixilharia guarda-vento na entrada, uma porta na sala de espiritualidade, uma nova porta divisória entre a ala masculina e a feminina (a qual possibilita maior flexibilidade no acolhimento dos utentes internos). Além disso, o Centro ganhou também um novo gabinete (recorrendo-se a um espaço não utilizado do pátio traseiro). E viu ainda a sua área de arrumos na garagem a ser dotada de uma parede e porta. Novos computadores e cadeiras chegaram entretanto, bem como um jogo de matraquilhos para uso e recreação de utentes (e de colaboradores). Para segurança de todos, um sistema de videovigilância foi montado nas nossas instalações.

Contribuindo para a poupança de recursos financeiros (e também para a poupança do meio ambiente) um novo conjunto de painéis solares fotovoltaicos foi entretanto instalado. Estes permitem que, em dias de sol, o Centro passe a dispor de autonomia na produção da eletricidade que consome. Na mesma linha, também a carrinha elétrica, entretanto adquirida, permite agora novas poupanças: quer em euros de gasóleo, quer em emissões de gases com efeito de estufa.
Na sequência do esforço iniciado vários anos antes, este período pôde testemunhar o completar do pagamento da dívida contraída ao banco, aquando da fundação do Centro. Com este compromisso finalmente saldado, e contando agora o Centro, pela primeira vez, com um saldo bancário positivo, uma nova etapa, mais livre e desafogada em termos de obrigações financeiras, pode iniciar-se. De entre as contribuições importantes para este enorme esforço de amortização são de destacar as sucessivas consignações fiscais que, ano após ano, representaram parcelas significativas dos nossos orçamentos.
Outra contribuição importante para o equilíbrio das contas do Centro proveio também do novo acordo de cooperação (já anteriormente proposto e negociado) que acabou por ser aprovado pela Segurança Social. A aprovação deste acordo, juntamente com a notícia da atribuição do Prémio D. António Francisco ao Centro, foram sentidas como um reconhecimento e uma confirmação do rumo e do trabalho que tem sido levado a cabo neste Centro, desde a sua fundação.Estando de partida para nova missão, resta-me agora dar graças pela oportunidade que tive de trabalhar numa instituição que, como pude testemunhar, pode fazer a diferença na vida de tantas pessoas. E agradecer à direção e corpos sociais, à diretora técnica e equipa, aos voluntários e benfeitores, bem como aos muitos utentes por, em conjunto, termos partilhado uma parte importante da caminhada das nossas vidas. A todos desejo muitas felicidades para o futuro.

Luís Ferreira do Amaral s.j.