O “espírito do magis

Diz quem se aproxima dos jesuítas que temos uma “quase-obsessão” pelas avaliações. Não há atividade que não se conclua sem uma boa avaliação, reunião que não inclua uma ronda final de olhar critico, ou ano cujo momento derradeiro não seja para identificar ensinamentos a manter e elementos para melhorar no ano a seguir. Era o próprio Santo Inácio, fundador dos jesuítas, que insistia nos dois “exames de consciência” diários. E mesmo que a oração tivesse que “cair” por falta de tempo ou de oportunidade, o “exame”, a “tomada de consciência” do dia, deveria ser sempre mantido.

Há quem não esteja tão sintonizado com este espírito. Porque pode parecer que não seja necessário: se de forma geral algo correu bem ou deixou bom ambiente, porque estar ainda a “esmiuçar” até ao detalhe? Há quem tema também que a avaliação leve ao perfeccionismo, a uma certa angustia de nunca se alcançar o ideal. Mas nada mais longe da intenção de Santo Inácio. Ele vivia desde logo uma profunda gratidão pela vida, “vendo Deus em todas as coisas”. O alcançado é já motivo de alegria! Mas isso não o impedia de querer “mais”: olhar mais fundo, servir com mais entrega, chegar mais longe. É isso o “magis” inaciano (palavra latina que significa “mais”), a pôr em prática sempre e em todas as circunstâncias. Não por obsessão ou perfeccionismo, mas porque só assim chegamos a ser tudo o que Deus nos chama a ser, fazer tudo o que está nas nossas mãos, e tocar a alegria que é fruto dessa entrega e auto-superação sem reservas.

Aproximando-se o final do ano aqui no Centro, é também este “espírito de magis” que por cá se vive, nas várias avaliações (de eventos, de atividades, de formas de atuação) que vamos fazendo. Com a ajuda e a participação de tantos, o Centro continua a crescer. Os procedimentos vão-se tornando estáveis, mas há ainda muito por onde melhorar. Vamos comunicando com alegria o que fazemos, o que vai trazendo mais voluntários ao projeto. E lançaremos em breve uma campanha para angariar doadores regulares “amigos do Centro”, pois são também as restrições financeiras que muitas vezes nos impedem de avançar com novas ideias e mais capacitação. Obrigado por estar aí, próximo e atento. E seguimos unidos, no “espírito do magis” que constrói um mundo melhor!

P. Filipe Martins sj