Recomeçar com ânimo

Embora Outubro tenha sido o tempo de todos os arranques (e causa do atraso de alguns dias na saída desta edição da Newsletter), o que provavelmente mais marcou o mês foi a reportagem que a RTP 1 veio cá fazer ao Centro (e que pode ser vista aqui). Um jornalista e um repórter de imagem da estação pública vieram passar toda uma manhã ao São Cirilo, filmaram salas de aula e corredores, conheceram algumas histórias de vida de nossos utentes, e “meteram-se” com outros durante os intervalos das atividades e na hora de almoço. O resultado foi uma reportagem bonita, que conseguiu apanhar o bom ambiente que aqui se vai vivendo e alguns bons frutos do trabalho que aqui se vai fazendo.

E teve graça escutar os repórteres e perceber que também eles ficaram impressionados com o que encontraram. É sempre curioso vermo-nos a nós próprios através do olhar de outros que chegam de fora. Ou sentirmo-nos (bem) avaliados pelas palavras daqueles a quem o Centro ajuda ou já ajudou. Muitas vezes, na correria do dia-a-dia, quase não há tempo para o perceber, e pode até acontecer que as dificuldades e desânimos nos levem a duvidar se vale a pena todo o esforço, se estamos realmente a trabalhar bem, ou a fazer diferença na vida das pessoas que nos procuram (e que com frequência não aproveitam as oportunidades que lhes são dadas, porque não querem ou porque não sabem).

A reportagem veio assim dar um ânimo novo à casa, e durante dias não se falava de outra coisa. São sempre boas estas oportunidades de “ver o todo”, de parar e olhar com lucidez para o caminho feito. Mesmo com a consciência que há ainda muito para crescer e melhorar, a notícia veio confirmar que o projeto parece seguir pelo bom caminho, e tornou-se oportunidade de recomeçar de forma empenhada, com alegria e confiança. Talvez todos os meses devessem assim ser “meses de (re)arranque”, em lógica de constante desacomodação. É por isso que no Centro surgem com frequência alterações nos procedimentos, se tenta tirar ensinamentos das falhas e erros, e as reuniões de equipa incluem reflexão sobre cada pessoa ajudada. Possamos cada um também viver esta “lógica dos (re)arranques” na própria vida. É uma canseira, mas vale a pena.

P. Filipe Martins sj