Servir em comum

IgnacioÉ feliz acaso que o final de Julho faça coincidir o “fecho” do ano, o dia de Santo Inácio de Loyola (a 31) e os artigos presentes nesta edição da Newsletter. Chegámos ao final de mais um ciclo anual “escolar”, e no São Cirilo este é agora o tempo de parar e avaliar, de buscar e conseguir o “olhar do todo” sobre o ano. Um dos artigos fala do “lanche das atividades” final. E o vídeo oferece uma síntese da recém-terminada primeira fase do projeto “Bé-à-bá doméstico”. “Fechar” uma etapa é também “abrir” a seguinte, e alguém que já foi ajudada pelo Centro conta agora como se sentiu chamada a tornar-se voluntária. Há ainda um texto sobre a “residência artística” que deu início às atividades de Verão. Mesmo a nível de pessoas este tem sido tempo de “fechar e abrir”, com a partida da Maria José e a chegada da Carina ao Gabinete de Emprego. E avizinha-se a já anunciada mudança na Direção do Centro, que acontecerá após o Verão.

O que têm em comum todos estes eventos e atividades? É que são “feitos em comum”. É normal que cada qual tenha um primeiro rosto de referência ao pensar no Centro, seja ele a Rosário sempre bem-disposta à entrada da casa, a Luisa e os seus mails cuidadosos aos doadores “Amigos do Centro”, a Maria do Carmo ao receber cada novo voluntário, ou o Sr. Orlando ou o Sr. Aníbal a velar pela casa ao entardecer de cada dia. Mas a verdade é que, somando cada rosto e cada atividade particular, o Centro São Cirilo é feito de muitos rostos e de muitas atividades: são 11 pessoas na equipa, mais de 70 voluntários regulares, 23 elementos nos Corpos Sociais, já 30 doadores individuais, e ainda 20 empresas apoiantes. Em todo este grupo, há quem tenha a missão de “dar rosto” ao Centro em alguma dimensão particular, e há quem faça trabalho “escondido” de que pouca gente (às vezes ninguém!) se dá conta. Nenhuma destas presenças é mais importante do que outra, pois cada uma aporta a sua “parte” para a construção do todo, “parte” que faltaria se não estivesse lá.

E o que tem isto a ver com Santo Inácio, o homem do séc. XVI que deu origem aos jesuítas e à “espiritualidade inaciana” que marca e é sinal desta casa? Diria que tudo. Pois também ele, diante do apelo de Deus a transformar a realidade, percebeu que não o podia fazer sozinho. Foram duas as tentativas infrutíferas de juntar gente à volta do projeto a que se sentia chamado. E só à terceira, com um grupo variado de nove companheiros (entre os quais um português), pôs de pé a Companhia de Jesus, hoje com 17 mil membros espalhados por mais de 120 países. Haverá alguma coisa de significativo, no fundo, que na vida se consiga fazer sozinho? Ou tudo o que é transformador e que permanece, só com outros se consegue realizar? No final de mais este ciclo anual que com o Verão se fecha, é grande a gratidão pela presença de tantos neste projeto. E que todos possam descansar do cansaço, talvez esgotado mas sempre agradecido, de quem faz a sua parte para melhorar o mundo.

P. Filipe sj