Árvores DespidasNuma altura do ano como esta, o Inverno já vai longo. Na Natureza, parte da vida parece estar mais eclipsada ou desaparecida. Ao contrário do que acontece em outras estações do ano, não encontramos agora a abundância de vida caraterística de outros momentos.

A alternância das estações é, porém, algo que faz parte da vida: da vida da Natureza e da nossa própria vida. Precisamos de esperar ainda um pouco mais até que um novo brotar de vida possa ter lugar, até que a vida possa renascer.

Não é então por acaso que, na Igreja, o tempo de Quaresma é vivido nesta altura. A caminhada da Quaresma pode ajudar-nos a desenvolver a capacidade para atravessar desertos – que, de um modo ou de outro, fazem também parte do percurso da vida.

Num tempo como o destes quarenta dias da caminhada quaresmal, podemos então nos dedicar a alguns exercícios que nos permitam que o nosso coração ganhe maior desprendimento de coisas que não valem tanto a pena, ganhe maior desapego do supérfluo.

E bem precisamos disso – nós e os outros. Sabemos que o planeta em que vivemos tem recursos em quantidade suficiente para todos. Mas por outro lado, a julgar pelo número de pessoas que passam ainda necessidades, o que o nosso planeta não parece dispor ainda em quantidade suficiente é de empatia e solidariedade. Continuamos a precisar ainda de mudança, de conversão, de transformação. Continuamos à espera da chegada da Primavera. Boa caminhada de Quaresma!

Luís Ferreira do Amaral s.j.