A cara do ano que recomeça

Quem no mês de Setembro pôde passar pelo São Cirilo, encontrou nomascaras corredor central uma simples mas bonita exposição de “máscaras do mundo”, que foram sendo construídas ao longo do Verão pelos utentes do Centro. A cultura moderna não vê com bons olhos as máscaras, pois com elas a pessoa encobre o que verdadeiramente é. Mas no teatro grego, onde as máscaras originalmente surgiram, elas eram usadas não para esconder algo, mas para revelar um determinado estado de alma. A palavra grega para máscara é “prosopon”, que significa também “pessoa”. As máscaras eram os estados possíveis de cada pessoa, e ao longo da peça os atores iam mudando de máscaras conforme lhes pedia o guião. Este mesmo significado têm as máscaras em muitas outras culturas, sendo até usadas para atrair a alegria e a amizade.

Foi esta ideia original de “máscara” que esteve presente no recente Lanche de Acolhimento que tivemos no Centro. Com ele quisemos receber o ano que recomeça (e com ele o P. Luis F. do Amaral, o novo presidente da direção). Cada um foi convidado a perguntar-se sobre a “máscara” que se sente chamado a “usar” (no fundo, sobre a atitude que se sente interpelado a escolher) neste novo ciclo anual. Há “más-caras” que (nos) fecham e separam. E há “máscaras” (de facto, “boas-caras”!) que acolhem e constroem vida. É engraçado como o Centro tem tentado ser, ao longo destes anos, lugar de boas-caras e de vida partilhada, espaço de descanso e de recomeço de caminho para tantas vidas difíceis. Trata-se afinal do poder curador das “boas-caras”, capazes de dar a volta às “más-caras” mais fechadas e entristecidas. Que neste ano o Centro possa de novo ser “escola de boas-caras” para todos, que lenta mas decididamente vamos construindo um mundo melhor!

P. Filipe sj