Velocidades que deixam espaço para refletir
Um trabalho como é aquele desenvolvido no Centro S. Cirilo onde a velocidade dos acontecimentos e o ritmo intenso de necessidade de respostas a situações concretas, não parece permitir parar para re–situar e tanto que seria útil porque a missão do S. Cirilo tem implicações diretas em vidas e futuros.
Mas, por um lado há uma atitude de escuta dos sinais dos tempos e das necessidades, uma experiência adquirida, um sentido afinado da importância e primazia da “pessoa humana” que permite e facilita estar em contínuos processos de discernimento e tomadas de decisões que se têm demonstradas adequadas no ritmo veloz em que vivemos. A equipa, a direção, os voluntários “correm” para que respostas de serenidade cheguem a tempo aos que nos procuram e que depositam os seus caminhos de futuro e integração nas nossas mãos. Uma nota de louvor à Operação Acolher Ucrânia que é gerida por tempos voluntários de dedicação, roubados a vidas pessoas e profissionais de tantos que também “correm” para que migrantes ucranianos se possam sentir em casa.
No meio da velocidade emerge sempre a pergunta “para onde vamos?”.
Dois acontecimentos recentes que em nada deram tempo real de paragem, pelo contrário, foram de facto oportunidade de ter um espaço de reflexão e de responder à pergunta: o falecimento do P. António Vaz Pinto a 1 de julho e a entrega solene da medalha de mérito do Município do Porto ao Centro S. Cirilo a 9 de julho. Dois acontecimentos que exigiram alterações de planos e mudanças de velocidades e que não têm ligação. No entanto, a coincidência dos dois acontecimentos: a memória da fundação e dos inícios de S. Cirilo com a partida do P. Antonio e o reconhecimento de uma história de tanto bem feito, pela atribuição da medalha de mérito, foi a tal oportunidade de um espaço para refletir.
A estes acontecimentos juntam-se tantos sorrisos de alívio e descanso, agradecimento e esperança renovada daqueles que acolhemos. Uma boa manifestação desses sorrisos foi o tão esperado encontro (missa e arraial) de S. João, celebrado nas instalações de S. Cirilo. Junta-se também o cuidado e apoio generoso de tantos benfeitores que connosco também “correm”.
Tudo isto não só confirma que tem valido a pena “correr” em velocidades que nem sabíamos ser possível atingir, como também nos confirma na resposta à tal pergunta “para onde vamos?”. Vamos para um mundo melhor porque estamos juntos para recomeçar!
Gonçalo Castro Fonseca, sj | Presidente da Direcção
A Rádio Metropolitana do Porto entrevistou a nossa diretora técnica, Mariana de Mariz Rozeira.
Mais em:
Entrevista Mariana Rozeira – Sobremesa musical
Mariana de Mariz Rozeira | Diretora Técnica
No vídeo deste trimestre, temos connosco Margarida Mouta, professora, dedicada ao ensino de Português a estrangeiros. Margarida revela-nos, neste vídeo, um pouco da sua história de ensino, assim como a sua última experiência de ensino: o ensino de português a migrantes ucranianos, recém-chegados a Portugal, por força da guerra entre a Rússia entre e a Ucrânia.
Margarida Mouta | Voluntária Aulas de Português a ucranianos
“Já tinha ido ao estádio, mas, desta vez foi diferente: descobri coisas novas e trouxe lindas recordações”.
Hocine| Argélia | Utente SAT
Esta foi uma tarde óptima para conhecer os jardins de Serralves!
Aki, Douglas e Higor | Utentes SAT
Foi-nos lançado o desafio de pintar retratos dos Santos, com total liberdade. Utilizei tinta acrílica e tentei pintar algo que ainda não existia, mas tendo como referência representações populares e o que ia encontrando, nas minhas pesquisas, a respeito das suas vidas.
Fizemos bandeirolas, telas, pintura, manjericos: enfim, todos os elementos decorativos. Pusemo-nos à disposição da Francisca Góis e fizemos, juntos, coisas muito bonitas.
Douglas e Higor | Utentes SAT
A história de cada refugiado está repleta de tristeza e angústia, o dilacerar da vida. Cada história que nos chega é única, mas todas carregam uma dor profunda.
No contexto, atual de resposta humanitária ao conflito armado na Ucrânia e de forma a garantir um rápido acolhimento e uma plena integração dos cidadãos deslocados que nos chegam ao Centro Comunitário de São Cirilo, procuramos aumentar a nossa capacidade de resposta e prestar apoio, atendimento e suporte às pessoas e famílias, colmatando numa primeira instância, as necessidades mais emergenciais. Essas necessidades vão desde facultar alimentação, roupa, apoio social, psicológico, médico, alojamento e promover oportunidades de aprendizagem da língua portuguesa, percebendo que o domínio da língua portuguesa é fundamental para uma inclusão plena na comunidade de acolhimento, facilitando o acesso às mais diversas áreas, como é o caso da inserção profissional.
Somos um Centro inclusivo, transformador da vida das pessoas, assumimos uma responsabilidade imensa perante este novo desafio. Adequamos e repensamos a nossa capacidade de resposta e de melhor gerir os nossos recursos. Qual o caminho a ser definido e o que é prioritário nesse caminho?
O ajudar a recomeçar pessoas e crianças que chegam de conflitos armados, centra-se numa primeira instância no saber escutar, entender e reconfortar. A fase seguinte surge no avaliar das necessidades mais prementes de cada pessoa no seu todo e posterior conceção e implementação de estratégias de proximidade, num acompanhamento diferenciado, entre cidadãos ucranianos que fogem da guerra e a sociedade de acolhimento, sabendo que o sentido de missão é partilhado por todos. Estamos “juntos para recomeçar”.
Márcia David | Gabinete Social
“Quero agradecer profundamente aos que contribuíram diretamente ou indiretamente, para o acolhimento temporário que eu tive aqui, mas em especial a vocês que labutam diariamente para manter a boa funcionalidade dessa casa, ou melhor dizer, dessa família «Centro Comunitário São Cirilo». Uma equipa admirável de pessoas com um nível de profissionalismo muito elevado e capacidade de lidar com as adversidades diárias e encontrar solução adequada para cada situação dos utentes e não só…a equipa toda me motivou com encorajamento, impulso e determinação; nunca puseram em causa os meus objetivos em relação a outras atividades ou tarefas de qualquer género. Sinto-me muito mais focado e determinado para correr atrás dos meus objetivos e sonhos, que a cada dia que passa, estou a dar passos muito importantes em direção ao auge da concretização do mesmo. ”
Elísio | Guiné-Bissau | Utente SAT
“ Foi uma grande experiência me poder conectar ao mundo de Frida e explorar o seu trajeto e as suas lutas diárias. Ela é um grande símbolo para o movimento feminino e a cultura indígena do México”.
Douglas | Brasil | Utente SAT
Logo depois da visita à capela do Senhor da Pedra, os nossos utentes puderam refrescar-se, pela primeira vez este ano, nas águas desta praia.
Douglas, Ismaíl, Vanessa, Vivian | Utentes SAT
Eu sou, foi o que os nossos utentes escolherem para ser o tema do mural.
Talvez por ser uma fase de novos inícios, os participantes sentiram vontade de fazer um mural com cada pedaço do que cada um é através de desenhos, frases, sentimentos, desejos…. Esses pequenos recheios de cada um, tornou visível um coletivo construído através das diferentes essências individuais.
O valor desta interação foi a ligação e curiosidade que foi estabelecida entre os participantes e através deste momento, a criação de um espaço que mostra o que não está visível, mas que é tão nosso. No final, os participantes quiseram mostrar o resultado final e escolheram uma das paredes do Centro para que todos os que passassem pudessem parar, ver e interagir se assim quisessem.
Francisca Góis | Gabinete de Animação
Chamámos Operação Acolher Ucrânia e bons amigos, de coração puro e generoso, uniram-se num movimento de acolhimento, aumentando horas ao dia, dando expressão à caridade, abrindo portas de casas e pondo mais um prato na mesa.
A generosidade foi palco de uma proeza quase impensável de ter duas casas de acolhimento temporário (a Casa PAZ – Porto e a Casa MAR – Esposende) abertas num intervalo de um mês, com um total de 60 camas onde chegam pessoas com histórias diferentes, mas com o mesmo denominador: procura de segurança e paz. Os nossos esforços têm sido para garantir essa segurança num ambiente de paz. Nada poderá apagar o que viram e viveram, mas o abraço com que os acolhemos devolve o calor e um conforto perdido e retempera forças.
Gonçalo Castro Fonseca, sj | Presidente da Direcção
Foi complicado, de início, pois foram muitos os donativos e pouco o espaço disponível. Antes destes donativos (em favor de ucranianos), a organização das roupas era mais fácil. Agora, o espaço é pouco, mas continuamos a dar nosso melhor e o sentido de serviço não mudou! No entanto, esta situação obrigou-nos a uma colaboração maior: turnos alargados e mais frequentes, uma relação mais próxima com a Dra. Rita Santos e com os utentes ucranianos que chegaram, nos primeiros dias.
Alexandra, Cristina, Marta, Olexis e Teresa | Voluntárias do Banco de Roupa
No âmbito do repto lançado nas redes sociais, em virtude da iminente chegada de migrantes ucranianos fugidos da guerra, mais de quarenta estudantes, do agrupamento de escolas D. Sancho I, entregaram o seu tempo ao projecto do Leo Clube Famalicão “VAMOS FAZER DIFERENTE”.
Segundo o Leo Clube Famalicão:
“Este projeto ainda não acabou, a ajuda continua a ser precisa! O Leo Clube Famalicão compromete-se todos os dias a abraçar a sua comunidade, disponibilizando-se sempre onde é necessário”!
Agradecemos, ainda, a muitos outros grupos que, através das suas iniciativas, ajudaram o CCSC a proporcionar os meios materiais necessários à chegada destes migrantes ucranianos.
Leo Clube Famalicão | Donativo
“Vou sentir muita saudade de todos vocês”
Papa |Senegal | Utente SAT
05.Jul – Formação “Matemática para a Vida II”
